Rádio Maukos da Net

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cherry, mordo ou não?


Minha cereja divina, de tão sensual

Por for rubra, cheia de louca paixão

Por dentro, um cherry de licor

Não sei se o meu se o teu amor, natural

Eu imagino e sinto-me em ti, teu amor

ou teu licor? Meu botão de estimação

Minha fruta madura, encarnada

Teu toque, tua leveza, ao natural

Tua ser, minha bebida espiritual

Toco a cereja, com o lábio e a mão

Sinto o fragor e a doce tentação

Estou à procura de licor, sensual.

Mordo ou não?


Beijo, fúria, fome




Dentro do quarto, você faz menção de acender as luzes. Eu digo não, apenas tranque a porta e abra a janela — prefiro a luz de outros olhos.

A noite da cidade ferve, os carros aceleram lá em baixo e seu coração aqui dentro aposta corrida com o meu. As luzes da rua penetram a penumbra torneando de sombras seu corpo no momento em que vai tirando a roupa, peça por peça caindo aos seus pés descalços, filmenoir. O prédio ao lado não fica muito longe, com sorte alguém assistirá a tudo com ajuda de um binóculo.

Eu sinto sua boca.

Você pede, abre as pernas para mim e eu ponho meus dedos em você

— um deslizar suave que corre da sua nuca ao contorno dos seios até o topo.

Carmesim enrijecido: um gemido.

Você me beija, fúria, fome. Já não tenho mais camisa, meu peito manchado de batom vermelho.

Seu cheiro formando ondas no ar em busca do meu. Você me arranha, mia, ruge, implora.

Eu permito.

Você me chupa. Enquanto isso minhas mãos procuram refugio;

a esquerda no teu cabelo, a direita se estende,

estica como de borracha para alcançar suas cavidades.

Sinto meus dedos melados, meu corpo estremece a cada movimento

da sua língua. Passo meus dedos na boca para provar o seu gosto,

mas eu quero mais, eu posso.

Empurro seu corpo, cai na cama e eu me curvo em reverência.

Minha língua corta você como uma navalha, gosto de sexo

e sangue entre as buzinas e uivos da urbe extática.

Movimentos de corpos testemunhados pelos movimentos da lua —

e eu sei que nalgum lugar alguém nos espia em delírio.

Mas você não se satisfaz, nós dois queremos mais.

Agarra meu pescoço, unhas vermelhas, vontade vermelha.

Se você queria sangue, você diz, terá de me dar o seu. Assassina,

senta no meu rosto e tenta me matar sufocado.

O mundo, num instante, é encoberto por um matiz de roxo, dor e ódio.

Consigo me desvencilhar, mas percebo que seu gosto ficará para sempre na minha boca.

Eu vou me vingar de você, é o que merece.

Puxo-a pelo cabelo, você tenta fugir, mas está possuída.

Desejo. Você se entrega. Enfio meu amor até o fundo dentro de você.

Forte, forte, mais forte.

Você grita, se apavora e sorri.

Você ordena: diga.

E eu, súdito, digo: eu te amo.

Invadindo seus pequenos segredos, orifícios, esconderijos.

Sua carne para minha carne. Entranhas.

Suor. Saliva. Fluidos. Açúcar. Sangue no meu sangue.

Beba do meu sangue.

Gemidos.

Olhos fechados, comprimidos, no escuro do mundo.

Até que já não exista mais mundo e tudo se faça luz.

Até que você não resista mais ou o vizinho se atire da janela do nono andar

contente pela visão final dos nossos corpos em chamas.

De joelhos, você diz: eu sou sua.

E seu, junto ao meu sangue, eu me entrego à sua sorte.

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